Durante muito tempo entendo que tive uma visão distorcida da compaixão humana. Uma percepção de pesar, uma fala interna de “sinto muito”…
Hoje vejo a compaixão de uma forma muito mais útil do que via antes. Uma clara ideia de apoio, de ajuda, mesmo que a ajuda seja…ficar perto e em silêncio (isso pode ajudar muito!).
Assim, clareando o pensamento podemos ver a compaixão a partir de três elementos.
O primeiro deles é o reconhecimento do sofrimento de alguém. Perceber. Ser sensível à ele. Entender que somos diferentes e o que não me faz sofrer pode trazer sofrimento ao outro e vice- versa.
Logo depois é a vez da empatia surgir. Realmente olhar a experiência com os olhos do outro, sua história, suas oportunidades, suas particularidades. Os olhos dele, não os meus.
Finalmente a compaixão propriamente dita, aquele desejo verdadeiro de ajuda, de fazer alguma coisa para acabar ou ao menos minimizar o sofrimento daquela pessoa. E aí pensamos, buscamos uma saída, damos um jeito, fazemos parceria, ou apenas nos mostramos disponíveis (de verdade) para fazer valer aquele desejo de ajudar.
Nada de sentir muito, nem se desesperar com o sofrimento do outro. O que fica é uma certeza de que ninguém merece sofrer assim e que eu posso contribuir para reverter isso.
É claro que o mundo nos mostra, muitas vezes, uma face cruel desse tema: o desprezo ou ainda pior, o prazer em ver o outro sofrer. Sim, existe e é preciso humildade para perceber se nós mesmos não pensamos assim, em algum grau.
Quando vemos alguém que nos fez mal se dar mal e nos alegramos com isso, quando não damos importância a um sofrimento que para nós não faz sentido algum.
A compaixão, como outras qualidades do coração, precisa ser melhor entendida, mais trabalhada internamente para que a gente viva melhor e leve mais amor ao mundo, conscientemente.
Que você esteja bem!
Adriana Mattos set 2021